sexta-feira, 11 de abril de 2008

Metade

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito, não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe, seja linda ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo, não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas...
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro, seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso, que eu me lembro ter dado na infância.
Por que metade de mim é a lembrança do que fui, e a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria, para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que Deus nos aponte uma resposta, mesmo não saibamos qual
e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer. E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

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